“Bolsonarismo é seita.” (Selma Arruda, senadora ex-PSL, em entrevista à Revista Época).
É absolutamente impressionante como, em menos de nove meses de governo, Bolsonaro e sua família conseguem estilhaçar a própria base, e até o partido, que levaram o clã ao poder. Saída de ministros , ferrenhas críticas de antigos aliados (inclusive generais) e, dentro do próprio PSL, parlamentares já estão, há tempos, debandando. Agora foi a vez da senadora Selma Arruda, que acaba de deixar o PSL, tendo como fator de discórdia o filho-senador de Bolsonaro, Flávio. Disse Selma Arruda:
“Me senti desconfortável de continuar no partido. Eu não sou menos senadora do que nenhum daqueles senadores. Não importa de quem eles sejam filhos, o poder extra-Senado que possam ter.”
Selma Arruda criticou os radicais bolsonaristas. Disse a senadora que uma ala bolsonarista quer que as pessoas sejam “robôs”.
Cada vez mais o bolsonarismo vai se transformando em uma bolha. O radicalismo de extrema-direita está fazendo com que Bolsonaro e seus séquitos radicais fiquem cada vez mais caracterizados como um “pequeno mundo” dentro do quadro político-partidário. Percebe-se, claramente, que a direita unida que levou Bolsonaro ao poder está cada vez mais esfacelada, em um processo de fragmentação que é nítido desde os primeiros dias de governo.
Que o bolsonarismo é uma seita, disso não temos dúvidas. Uma seita obscurantista e retrógrada, que vem levando o Brasil a entrar em um caminho perigoso de sua história. Michelle Bachelet, ex-Presidente chilena e Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, chegou a a firmar que “sente pena pelo Brasil.” Ressalte-se que Bachellet fez críticas contundentes tanto ao governo Bolsonaro quanto ao governo Maduro. Então, não mandem ela ir para a Venezuela.
Enquanto isso, segue a seita, ou a bolha, cujo líder terá uma missão espinhosa amanhã: ler o texto de um discurso de forma fluente (coisa que ele não consegue, porque seus claros problemas de fala e oratória não permitem) e estar diante de uma entidade internacional que ele disse na campanha que, se eleito, o Brasil se desfiliaria dela. A pergunta que fica no ar: quem escreveu o discurso oficial da “seita”? Olavo de Carvalho ou Trump?