HAJA BOTOX…

botox álvaro dias

“O objetivo dele é retornar à Justiça na Corte maior. É o que ficou explicitado.” (Álvaro Dias, em entrevista ao Estado de São Paulo, referindo-se a Sérgio Moro, em 20 de setembro de 2019).

Álvaro Dias parece estar atuando extra-oficialmente como porta-voz do ministro bolsonarista Sérgio Moro. Já há quem faça “bolão” para acertar a data em que Moro sairá do governo Bolsonaro e a ida da Polícia Federal em operação de busca e apreensão ao gabinete do líder do governo no Senado aumentou a tensão Bozo-Moro. Por conta de tudo isso, durante essa semana especulava-se sobre uma possível ida de Moro para o Podemos, partido de Álvaro Dias. A previsão fazia sentido, na medida em que políticos importantes do PSL estariam migrando para o Podemos. A insatisfação estaria concentrada na turma lavajateira que apoiou Bolsonaro, mas que tem como “mito” não o capitão e sim o ex-juiz da “República de Curitiba”, que vem sendo desautorizado, humilhado e escanteado no governo Bolsonaro.

Álvaro Dias é um senador da chamada “velha política”, ferrenho defensor da Lava Jato, de Moro e dos procuradores enrolados e captados pelo “radar” do The Intercept em diálogos nos subterrâneos lavajatistas. Álvaro Dias é daqueles blindados pela Lava Jato, embora já tenha sido citado mais de uma vez, porém jamais investigado. Moro teria sido sondado para filiar-se ao Podemos, visando seguir um rumo político pós-fritura no governo Bolsonaro. Álvaro Dias negou a sondagem, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, embora não acreditemos. Na entrevista, Álvaro Dias afirmou que Moro ainda sonha com a sua indicação para ministro do STF. Para Moro, seria a forma definitiva de solucionar a confusão em que se meteu ao aceitar participar do governo fascista. Porém, apesar de ainda possuir muitos seguidores, o quadro já não é o mesmo para o ex-juiz. Mas há inúmeras possibilidades a serem consideradas:

Primeira: Para Bolsonaro, indicar Moro como ministro do STF seria livrar-se de um estorvo que poderá atrapalhar seu caminho para a reeleição em 2022. Claro que Moro é potencial candidato, especialmente porque bolsonarismo e lavajatismo já não caminham juntos há tempos. Já para Moro, o sonho do “bilhete premiado” seria realizado. Todos felizes. Mas essa alternativa hoje não seria tão fácil. Estimativas fidedignas garantem que o nome de Moro hoje não passaria no Senado. Seria a suprema humilhação.

Segunda: Moro deixaria o governo. Desempregado, tomaria o rumo político e o Podemos seria um caminho natural. Deputado seria pouco para o que Moro representa junto aos seus séquitos lavajatistas. Senador, talvez fosse a opção digna. Mas aí vem aquela questão: em 2022 há apenas uma vaga para senador. Moro é do Paraná. Álvaro Dias também. Quem abriria mão ou quem mudaria de domicílio eleitoral?

Terceira: Moro deixaria o governo e assumiria já a candidatura a Presidente da República. Certamente teria apoio dos tucanos, especialmente aqueles históricos que sempre foram blindados na Lava Jato (FHC, Serra, Alckmin e o eternamente inimputável Aécio), visto que Dória também é candidato.

Quarta: Moro não seria indicado ao STF e nem tomaria o rumo político-partidário. Permaneceria no governo sendo vilipendiado por Bolsonaro e sofrendo retaliações do Congresso. Moro passaria a imagem de “missionário” e, independente de qualquer coisa, permaneceria no governo pelo seu obstinado compromisso de aprovar os pacotes anticrime e anticorrupção. Se não conseguisse a aprovação de seus “pacotes”, seria tudo culpa dos “políticos” e da “velha política”. Findo o governo, sem a toga e sem o ministério, talvez não fosse difícil arranjar um emprego de comentarista na Globonews. De preferência, tendo como interlocutores o Merval Pereira e o Carlos Alberto Sardenberg.

Evidentemente todas essas alternativas só podem ser consideradas se a “bolha bolsonarista” não estourar antes do tempo. Álvaro Dias vem sendo o grande articulador da ocupação política daqueles que representam a banda podre da Lava Jato. Foi por iniciativa dele que Deltan Dallagnol também já foi sondado a lançar-se candidato. Agora parece que virou porta-voz do Moro. Quem irá enrolar e esquivar-se mais? Ele ou o porta-voz do Bolsonaro? Lembrando que, muitas vezes, o teatro da mentira exige expressão facial. Haja botox…

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