“Moro e Dallagnol devem ser levados ao banco dos réus sob a acusação de fraudar o sistema de Justiça.” (Demétrio Magnoli, jornalista de direita, em artigo publicado na Folha de São Paulo em 21 de setembro de 2019).
Ele é de direita e conservador. Antipetista, odeia o Lula. Apoiou ferrenhamente o golpe que derrubou a ex-Presidente Dilma em 2016. É comentarista político da Globonews e isso, por si só, dispensa maiores qualificações. Falamos de Demétrio Magnoli. Tal como outros expoentes da direita conservadora brasileira, como Reinaldo Azevedo, agora foi a vez de Demétrio Magnoli reconhecer a ilegalidade da prisão de Lula e as agressões ao Estado de direito cometidas por Moro, Dallagnol e companhia, que culminaram na prisão política do ex-Presidente, com declarados e comprovados fins eleitorais e danos irreparáveis à nossa democracia.
Em artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje, escreveu Demétrio Magnoli:
“A corte suprema tem o dever de preservar o Estado de Direito, declarando a nulidade dos julgamentos e colocando o ex-presidente em liberdade.”
Ressalte-se que no artigo em momento algum Demétrio Magnoli sinaliza que irá arrefecer sua ira antipetista. Ao contrário. Tece inúmeras críticas ao PT e ao próprio Lula. Porém, chama atenção para o fato de que tanto o ex-Presidente como o PT devem ser julgados por seus erros pelo tribunal das urnas. O que não foi permitido com a condenação de Lula, resultante de um juiz parcial em conluio com um procurador inescrupuloso e ativista político.
Quando se fala em “Lula livre”, o escopo dessa palavra de ordem vai muito além do partidarismo. O “Lula livre” transcende a defesa dos governos petistas e insere-se na defesa do Estado democrático de direito. O ódio pode trazer o refluxo e aqueles que, apesar de todas as evidências das ilegalidades, parcialidade e crimes processuais cometidos por Moro/Dallagnol e cia. divulgados na Vaza Jato ainda defendem os algozes de Lula, lembrem-se que eles estão defendendo, em última instância, os algozes da democracia e do Estado democrático de direito.
Demétrio Magnoli é jornalista. É da Globonews. Escreve para a Folha de São Paulo. Talvez ele, num futuro próximo, também admita a falta de isonomia dos veículos por onde passou em relação a denúncias e enfoque sobre corrupção. Do modo como a mídia, especialmente a Globonews, mostrava, parece que corrupção era um monopólio do PT. Tucanos sempre blindados. E os jornalistas entrando na onda. O “jornalismo lavajatista”, outrora apoiado por muitos jornalistas, gerou a tragédia obscurantista que hoje está no poder e faz deles próprios suas vítimas. Demétrio está escaldado e sabe que aqueles que hoje atacam o Estado de direito poderão, no futuro, ser as próprias vítimas. Demétrio está escaldado porque sabe que a atuação da imprensa à qual pertence gerou o monstro que hoje se volta contra essa mesma imprensa. Demétrio está escaldado e hoje finalmente rendeu-se. Antes tarde do que nunca.