“Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe.” (Michel Temer, o próprio golpista, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 16 de setembro de 2019).
Primeiro foi o Fernando Henrique Cardoso. Um tanto eufemista, em uma coluna em O Globo, do dia 3 de junho de 2018, o cardeal tucano admitiu que a deposição da ex-Presidente Dilma foi um golpe. Na ocasião, FHC escrevia no jornal da família Marinho que o impeachment de Dilma havia sido baseado no que ele chamou de “arranhões constitucionais”. Com meias-palavras e de forma subliminar ele estava confessando mesmo que foi golpe. E seu partido, que apoiou a maracutaia, tomaria de assalto, juntamente com o PMDB de Temer, o governo.
Mas essa semana a confissão veio mesmo à tona. Primeiro, foi a doutora Janaína Paschoal, através do Twitter, que admitiu que Dilma não cometeu qualquer crime de responsabilidade. Escreveu a doutora signatária do impedimento da ex-Presidente: “Alguém acha que Dilma caiu por um problema contábil?” Então, se não foi por problema contábil, e só poderia ser por esse problema, visto que “pedalada fiscal” é problema contábil, e esse era o motivo legal alegado, então por qual problema foi? Cartas para a redação…
Mas faltava o grande beneficiário de tudo. Aquele que, por algum tempo, afirmou que não admitiria ser chamado de golpista. Faltava o Temer, aquele que recebeu o poder tungado de Dilma. E isso aconteceu, na última segunda-feira, dia 16 de setembro, no programa Roda Viva, da TV Cultura. Temer negou que teria dado algum apoio ou feito algum empenho pelo golpe. Isso mesmo: ele falou “golpe”. Pouco tempo depois, ele tornou a usar a palavra “golpe” e em nenhum momento fez qualquer retificação ao termo usado para em suas declarações. Ao contrário, ele foi categórico e firme ao referir-se ao impeachment de Dilma como golpe. Palavras do próprio Temer.
Passados três anos, a verdade vem à tona por dois protagonistas do golpe de 2016: a signatária do impeachment e o beneficiário dele. Se a própria signatária e o próprio beneficiário dizem que foi golpe, este último de forma peremptória, então não há mais o que se discutir. Apenas a lamentar. Assistam ao vídeo em que Temer assume, com todas as letras, que o impeachment de Dilma foi golpe: