Parada da Independência com a mídia aliada, amiga e cúmplice. Essa foi a estratégia “patriótica” de Bolsonaro no Dia da Independência. Depois de começar o dia exaltando os Estados Unidos por ter sido o primeiro país a reconhecer a nossa independência, ele foi para o desfile e, no palanque, em local de destaque, com o Presidente ao centro, estavam o bispo Macedo, dono da Igreja Universal e da TV Record e Senor Abravanel, o Sílvio Santos, dono do SBT. O que simboliza a exaltação aos Estados unidos no dia de nossa independência e a adulação ao megaempresário neopentecostal e ao “homem do baú”?
Em relação à exaltação aos Estados Unidos, não haveria data mais apropriada para Bolsonaro demonstrar todo o seu servilismo. Quando os Estados Unidos reconheceram imediatamente nossa independência, o Presidente norte-americano era James Monroe, aquele que ficou famoso por uma doutrina panamericana que recebeu o seu nome. Era a “doutrina Monroe”, sintetizada na frase “a América para os americanos”. Claro que para as ambições imperialistas dos Estados Unidos no continente, o reconhecimento era fundamental. Os norte-americanos queriam um país sem monopólio comercial para impor o seu domínio econômico. E assim se fez: A América para os americanos… do norte! Essa máxima sintetiza um detalhe que a doutrina Monroe escondia, mas seus tentáculos expressavam sem nenhum sofisma. Tal como agora.
Quanto à presença do bispo Macedo (leia-se Record) e Sílvio Santos (leia-se SBT) em local de destaque no palanque, claro que foi um recado para a Globo mandado pelo monstro que ela também ajudou a parir. Essa história de que, com as novas tecnologias, a televisão ficou para trás, não é bem assim. A TV ainda é um grande veículo de comunicação e, em alguns momentos, a Record e o SBT até ultrapassam a Globo. E desde a posse que elas tranformaram-se em veículos “oficiais” do governo Bolsonaro. O recado foi claro e a Globo já deve estar com “as barbas de molho”: ou entra no jogo do Bolsonaro ou será constantemente retaliada, inclusive financeiramente. A Globo e seus jornalistas servis também têm grande responsabilidade por toda a tragédia que assola o Brasil. De 2014 em diante, especialmente, eles fizeram de tudo para demonizar o PT e as esquerdas em geral, que cometeram sim erros como todos os governos, mas jamais os governos Lula/Dilma colocaram a democracia brasileira e suas instituições em sinal de alerta. E a atuação da Globo (mais panfletária do que jornalística) jamais foi equânime, sempre blindando seus apaniguados, especialmente os tucanos.
A família Marinho certamente está em uma baita sinuca. Ou a Globo continua sendo constantemente retaliada ou passa a apoiar 3 anos e 4 meses de uma potencial ditadura. Para quem apoiou 21 anos de uma ditadura real, talvez não seja uma sinuca de bico tão grande assim. Apenas do tamanho do bico de um tucano…