Pesquisa do Instituto Datafolha, publicada hoje na coluna Painel, da Folha de São Paulo, mostra que a reprovação a Bolsonaro disparou e que ele vem sendo repudiado até mesmo entre aqueles que foram seus eleitores. Segundo a pesquisa, a reprovação a Bolsonaro subiu de 33%, em julho, para 38%. Isso, ao mesmo tempo em que sua aprovação, no mesmo período, caiu de 33% para 29%. Os dados podem ser visualizados no gráfico abaixo:
A região Nordeste, alvo de recentes declarações racistas de Bolsonaro, continua sendo a que mais o rejeita: na região, aqueles que o consideram ruim ou péssimo subiu de 41% em julho para 52%. Esses números elevados da vertiginosa queda de Bolsonaro mostram que setores do eleitorado que o apoiaram durante a campanha, agora o rejeitam.
A queda de Bolsonaro já atinge consideravelmente até mesmo suas bases eleitorais. Na região Sul, um reduto bolsonarista, aqueles que dizem que Bolsonaro vem fazendo mais do que eles esperavam caiu de 14% para 12%, enquanto que aqueles que dizem que ele fez menos do que o esperado subiu de 51% para 55%.
Se forem levados em conta os governos anteriores de FHC, Lula e Dilma, Bolsonaro torna-se o Presidente com a pior avaliação no primeiro mandato, conforme podemos ver no gráfico abaixo:
Nossos comentários: Bolsonaro não foi eleito apenas por um partido ou coligação. A eleição de Bolsonaro foi uma “frente” antipetista, que apropriou-se do discurso do combate à corrupção e à criminalidade e também do discurso moralista-religioso. Muitos dos que participaram dessa “frente” talvez não esperassem pagar um custo tão alto para ver o PT fora do poder. As decepções vieram muito cedo, com censura, ataque de Bolsonaro à imprensa, à educação, à ciência e aos adversários, como se a campanha ainda estivesse em curso. Bolsonaro jamais sinalizou que governaria para o país e sempre dirigiu-se, apenas, ao seu nicho ideológico radical, violento e fanático. Isso sem contar os escândalos financeiros em que sua própria família está envolvida, o protecionismo nos casos de seu filho Flávio e do Queiroz, o “laranja” do clã presidencial, e as evidências do envolvimento de sua família com milícias. Para quem usou o discurso da moralidade e do combate à criminalidade, a decepção é gigantesca. Os ataques de Bolsonaro às instituições, como o Legislativo e o Judiciário, também mostram a muitos dos que antes o apoiaram seu descompromisso com a democracia. Sem projetos para os principais problemas do Brasil, insiste em eternamente apenas criticar seus antecessores e inflamar a polarização política. A desastrosa política ambiental evoluiu para uma exposição mundial negativa de seu governo, nunca antes vista no Brasil. Pouco a pouco, a direita mais liberal que o apoiou vai se reacomodando dentro do espectro político e ocupando novos espaços mais afastados do radicalismo ultra-direitista de Bolsonaro.
A tendência, que podemos nitidamente constatar, é de um isolamento cada vez maior por parte de Bolsonaro e seu nicho radical e até muitos dos que o apoiam não acreditam que ele mude seu estilo. Bolsonaro é tão incompetente, que nem a liberação do FGTS, que poderia ser capitalizada e exposta como um ponto positivo de seu governo, visando lograr alguma popularidade, foi evidenciada. Nem isso melhorou sua popularidade, empanada por escândalos, incompetência e besteiras ditas a rodo. Dentre elas, o ataque baixo e grosseiro ao Presidente da França, que só piorou sua já maculada imagem no mundo. Em breve, a “onda bolsonarista” que o levou ao poder, poderá responder com um refluxo. Em apenas oito meses de governo, parece que nem o céu é mais o limite…