“Se você topar, vou te pedir prá ser laranja em outra coisa que estou articulando kkkk…” (Deltan Dallagnol, em diálogo com procuradora, articulando para pressionar o Supremo a prender Lula.)
O corpo do falecido ministro do STF, Teori Zavascki, ainda não tinha sido sepultado, após a queda do avião que o vitimou fatalmente, e o procurador, ou melhor, militante de direita e subordinado de Moro, Deltan Dallagnol, já se movimentava ativamente tentando influenciar na escolha do nome que o substituiria. Para isso, Dallagnol grupos de direita que tiveram participação no golpe contra a ex-presidente Dilma e que depois tornaram-se séquitos da candidatura fascista de Bolsonaro. Um desses grupos, o “Vem Prá Rua”, é um velho conhecido e tem como líder o ex-espião dos Estados Unidos Rogério Chequer. O outro grupo é o “Instituto Mude – Chega de Corrupção”, que usava até a igreja frequentada pelo “procurador do jejum espiritual” para realizar seus encontros. O objetivo de Dallagnol era incentivar os grupos de direita a pressionar o Supremo para rejeitar os nomes dos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Levandovski e Dias Toffoli para ocuparem o cargo de relator da Lava Jato em substituição ao falecido ministro Teori. A questão é que Teori só poderia ser substituído por um ministro da segunda turma e nenhum deles tinha a preferência de Dallagnol, embora Celso de Mello fosse chamado de “o menos pior”. Não se trata aqui de avaliar os votos, julgamentos ou decisões desses ministros, mas sim de perguntar: pode um procurador da República ter essa atitude? Esse comportamento criminoso e inadmissível de Deltan Dallagnol, dentre outros, foi revelado na Parte 15 da Vaza Jato, pelo site The Intercept Brasil.
Mas a utilização, por Dallagnol, de grupos políticos de direita como porta-voz de suas ambições políticas e para seus desvios de conduta não parou por aí. Dallagnol também atuou, nos subterrâneos da Lava Jato, para pressionar ministros do STF no julgamento da prisão em segunda instância. Ele insuflava esses grupos a organizarem manifestações.
Os diálogos mostram uma fartura de ilegalidades e até de chacota por parte de Deltan. Outros procuradores aparecem nos diálogos com líderes de movimentos de direita querendo influir no STF e suas decisões, em um horrendo ataque à sociedade, ao País e ao Estado Democrático de Direito.
Deltan está sendo investigado pelo Conselho Nacional do Ministério Público e a reclamação disciplinar à qual ele responde foi desarquivada. Por definição, o Ministério Público representa a sociedade e ele é fundamental para a democracia. Esperamos que o Conselho Nacional do Ministério Público não seja corporativista, o que significaria ser conivente com as ilegalidades criminosas de Dallagnol, embora o desarquivamento já seja um prenúncio do contrário. E que o Egrégio Conselho também aproveite, já que o Dallagnol gosta tanto do “Vem Prá Rua”, e decida que esse embusteiro literalmente vá para a rua!