Enquanto a Polícia Federal, comandada por Sérgio Moro, encontrava em tempo recorde a “quadrilha sofisticada de hackers” de Araraquara, e um teatro contorcionista começava a ser armado para relacionar ao PT um suposto “terrorista” filiado ao DEM, uma cena real, deprimente e desmoralizante acontecia no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Parece que os verdadeiros hackers a Polícia Federal não viu. E a Polícia Federal se fazia presente no Aeroporto de Guarulhos, por tratar-se de um aeroporto internacional. Mas, infelizmente, a Polícia Federal não conseguiu ver e prender os seus próprios hackers. Isso porque a Polícia Federal foi literalmente hackeada. Bandidos disfarçados de policiais federais e usando carros clonados da Polícia Federal, em poucos minutos invadiram o terminal de cargas do aeroporto e roubaram quase 720 quilos de ouro, avaliados em cerca de 120 milhões de reais. Quem estivesse no aeroporto presenciando a cena, pensaria que fosse algo hollywoodiano. Mas ali, no aeroporto, a cena era real. Agentes e veículos da Polícia Federal foram hackeados e fizeram um roubo milionário no aeroporto. Será que Sérgio Moro, que comanda a Polícia Federal, está preocupado com esse “hackeamento”?
No entanto, naquele mesmo momento, a preocupação do ministro que comanda a Polícia Federal era encontrar uma solução para a enrascada em que se meteu. Moro precisa, em tempo recorde, dar uma resposta, virar o jogo e passar da condição de criminoso à condição de vítima. Para isso, a prisão em tempo recorde da “quadrilha de Araraquara”, que não passa de um grupo de estelionatários já conhecidos pela Polícia, teria feito um trabalho profissional e digno de ser classificado como “terrorista”. Se aqueles estelionatários foram capazes de fazer o que fizeram, segundo a polícia, com milhares de autoridades públicas, incluindo o Presidente da República, Ministros, o Presidente da Câmara, membros do Judiciário, é porque a segurança institucional é pífia nesse governo. Aliás, a cocaína no avião presidencial já mostrava claramente isso. e não pé com socos na mesa que isso se resolve, antes que o general Heleno se pronuncia à sua maneira. Os diálogos de Moro com procuradores são provas contundentes. Então Moro, o epicentro das publicações do The Intercept, tenta vincular um dos hackers ao PT, justamente aquele que é filiado ao DEM, partido de direita aliado de Bolsonaro. Claro que não colou. O próprio cara falou, em depoimento, que teria encaminhado as mensagens ao The Intercept de forma anônima, voluntária e sem fazer qualquer cobrança. Já se sabe que Moro quer deportar o jornalista Glenn Greenwald. Mas pergunta-se: o que Moro irá fazer com todos os outros jornalistas que também divulgaram os seus crimes? Reinaldo Azevedo será enquadrado na Lei de Segurança Nacional? E a turma da Folha de São Paulo?
Duas perguntas fazem-se necessárias e certamente se complementam. A primeira é: por que Moro queria que as mensagens apreendidas com os tais hackers fossem apagadas? Seria destruição de provas? E, quem sabe, provas que ainda serão divulgadas?
A outra pergunta é: Moro disse que teria saído do Telegram em 2017. Assim, no prazo máximo de um ano, todas as suas mensagens estariam apagadas, portanto, em 2018. Se o hackeamento foi feito em 2019, então por que as mensagens não sumiram? Para que os heckers tivessem acesso às mensagens agora no ano de 2019, é porque Moro não saiu do Telegram. Teria então Moro mentido na audiência no Senado?
Enquanto Moro insistia em seu teatro tentando virar o jogo que o derrubou, a Polícia Federal era hackeada em Guarulhos e os bandidos surrupiavam 720 quilos de ouro. Assim como o Queiroz, os hackers do aeroporto não foram vistos pela Polícia Federal. Moro, na condição de ministro que comanda a Polícia Federal, também deve essa resposta e tem que mobilizar a polícia que comanda para prender os bandidos. Só não vale, a essa altura dos acontecimentos, vesti-los com camisas do PT. Passados 30 anos, acho que hoje nem o Abílio Diniz iria concordar com mais essa fraude hollywoodiana…