Não nos iludamos com a decisão do Presidente do STF, Dias Toffoli, de ordenar a Petrobras a abastecer os dois navios iranianos parados há quase dois meses no porto de Paranaguá. A decisão, que aparentemente poderia significar uma contrariedade ao governo Bolsonaro, na verdade vem em boa hora para tirar Bolsonaro da enrascada em que ele mesmo se meteu (e que meteria o país), caso mantivesse a ordem de não abastecer os navios iranianos. O que Bolsonaro sempre quis com a decisão foi mostrar a sua subserviência ancilar a Trump. A Petrobras negava-se a vender o combustível, tendo em vista as sanções impostas por Donald Trump ao Irã.
No entanto, para dar mostras de seu servilismo aos Estados Unidos, Bolsonaro colocou o Brasil sob o risco de pagar um preço muito caro. O Irã, através de seu embaixador, já havia falado, em uma entrevista, que caso os navios não fossem abastecidos, seu país poderia romper relações comerciais com o Brasil. Dentre os países do Oriente Médio, o Irã é o principal parceiro comercial do Brasil e o nosso maior comprador de milho. Só com esse produto o Brasil faturou, nos primeiros seis meses de 2019, quase meio bilhão de dólares. Isso sem falar da carne bovina, outro produto importado pelo Irã. Porém Bolsonaro, em sua bravata servilista a Trump, ordenou que a Petrobras não vendesse o combustível para os navios. Então, diante do impasse e do dilema (sofrer sanções de Trump ou do Irã?), e vendo as pressões e as consequências que poderiam advir da subserviência de Bolsonaro aos Estados Unidos, Toffoli entrou em campo mais uma vez.
A decisão de Tofolli era tudo o que Bolsonaro queria. Afinal Dias Toffoli, como bom aliado da família presidencial e que já livrou o filho de uma encrenca, agora vem em socorro do pai. Bolsonaro, então, dirá que a Petrobras “cumpriu uma determinação da Justiça” ao abastecer os navios, não se indispondo assim com seu chefe ianque. E, em relação ao Irã, a ameça do fim da parceria comercial com os iranianos desaparece. Ou seja, a decisão de Toffoli resolve a situação criada por Bolsonaro, que quis apenas sinalizar a sua subserviência a Trump. No final, a impressão que se tem é a de que foi tudo combinado mesmo. Me engana que eu gosto, Tofolli…