A prisão dos supostos hackers, que na verdade são falsários e estelionatários, na tentativa de “virar o jogo” em relação aos crimes cometidos por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, está saindo um enredo mais ridículo do que se poderia imaginar. A mídia extrema-direitista, capitaneada pelo site O Antagonista, está abraçando e divulgando a versão de que os estelionatários presos em operação da Polícia Federal estariam ligados ao vazamento dos diálogos subterrâneos de Moro e Cia divulgados pelo The Intercept. Essa é a estratégia do governo para desqualificar as gravíssimas denúncias contra Moro e Dallagnol, além de construir um álibi para perseguir e, quiçá, expulsar o jornalista Glenn Greenwald do país. Pelo visto, não há nada de “profissional” e “sofisticado”, como disse Sérgio Moro, nos supostos hackers que foram presos.
A trama é tão bizarra e ridícula que um dos presos, chamado Walter Delgatti Neto, é filiado ao DEM, partido de direita aliado ao governo Bolsonaro. Isso mesmo: o cara é filiado ao DEM. No entanto, não ficaremos surpresos se ele aparecer com uma camisa do PT e O Antagonista e seus penduricalhos fascistas publicarem a seguinte manchete: “Preso petista que invadiu celular de Moro.”
Aliás, essa estratégia da direita é recorrente, especialmente quando eles precisam virar o jogo. Foi assim há exatos 30 anos. Em 1989, na véspera do segundo turno da eleição presidencial, um sequestro do empresário Abílio Diniz foi atribuído pela Globo e outras mídias golpistas ao PT. Pesquisas já indicavam um empate técnico entre Lula e Collor e, assim que os sequestradores foram presos, eles foram vestidos com camisetas do PT e fartamente filmados e fotografados. Então, não havia dúvida: “PT sequestrou Abílio Diniz”. Pouco depois da eleição e da confirmação da vitória de Collor, a ligação dos sequestradores com o PT foi desmentida. Mas a “missão” da mídia golpista já estava cumprida. Ainda levaria algumas décadas para os farsantes fascistas inventarem histórias da carochinha mais picantes, como “kit gay” e “mamadeira de piroca”. Na época, a direita espalhou a calúnia, que foi decisiva para a vitória do “caçador de marajás”.
Resta agora esperar o que a Polícia Federal tem a mostrar sobre os presos. Curiosa e estranhamente, e quase que ao mesmo tempo, a líder bolsonarista Joice Haselmann e o ministro-branqueiro Paulo Guedes também anunciaram que tiveram seus celulares invadidos. Joice Hasselman chegou a falar que o que ocorreu com ela foi exatamente o que havia ocorrido com Moro.
A Polícia Federal é subordinada ao ministro da Justiça. O ministro da Justiça é Moro, que deveria ter deixado o ministério para, ao menos, aparentar uma isenção nas apurações. Porém, no auge do escândalo, prefere tirar estranhas “férias”. Moro, diretamente interessado nas investigações, permanece no governo, pede licença e estrategicamente some do cenário. Aliás, que férias foram essas? Então, em tempo recorde, a Polícia Federal parece ter desbaratado uma quadrilha de “profissionais requintados”. Eles fatalmente farão a “delação à moda Moro”, apontarão o jornalista Glenn como mandante, serão beneficiados e… Porrada nos de sempre! Todos mancomunados com o The Intercept e o PT. Agora só falta sequestrarem o Diogo Mainardi…