BOZÓFILOS, MORO E O RACHA DA DIREITA

bozófilosOntem os bozófilos foram às ruas em manifestações pró-Moro. Manifestações esvaziadas e com a mesma pauta fascista de sempre: o fechamento dos poderes Legislativo e Judiciário. Para eles, basta um Executivo, onipotente e onipresente, tendo à frente um “mito enviado por Deus”. Mas os ataques fascistas não se limitaram aos poderes constitucionais. A imprensa também foi alvo de ataques da fúria bozófila. Imprensa que, agora parece, embora tardiamente, perceber que sofre na própria carne aquilo que, em grande parte, ajudou a parir. Imprensa que foi severamente crítica com alguns partidos e políticos e descaradamente condescendente com outros. Imprensa que, com sua postura seletiva e politicamente engajada, contribuiu para criar a falsa ideia de que a corrupção é uma praga exclusiva da esquerda. Com a detração dos demonizados, a mídia teve papel decisivo no golpe de 2016 e na ascensão da direita fascista. Pensavam que estavam plantando um “picolé de chuchu”, mas colheram um “bozo”.

Na micareta bozófila, além dos participantes defenderem as práticas de Moro como juiz, que, comprovadamente, estão muito abaixo da tal “moralidade” por eles pregada, houve, de quebra, a defesa do fim da previdência pública e exaltação ao preposto dos banqueiros, o banqueiro-ministro Paulo Guedes. Não importa se as revelações mostram que Moro mandou trocar procuradores. O que importa é que ele condenou Lula. Não importa se as revelações mostram que Moro indicou testemunhas de acusação. O que importa é que ele condenou Lula. Não importa se Moro fazia absolvições pontuais para fingir neutralidade. O que importa é que ele condenou Lula. Não importa se, como juiz, Moro cometeu absurdos crimes processuais, desvios de conduta ética e parcialidade política. O que importa é que ele condenou Lula.

Mas percebeu-se que tanto o governo como o conglomerado ultra-direitista está esfacelando-se. É nítida a queda de aprovação do governo, em apenas 6 meses. Isso, muito antes do escândalo da Vaza Jato. As revelações das condutas criminosas de Moro como juiz tornaram alguns de seus outrora ferrenhos apoiadores um tanto arredios. Outros, pularam mesmo do barco, incluindo-se aí a revista Veja, por exemplo. E a briga entre manifestantes reflete, de algum modo, o o “racha” precoce daqueles que levaram a extrema-direita ao poder. O MBL, por exemplo, foi hostilizado pela organização fascista Direita SP e por integrantes do PSL. Tudo indica que os participantes da micareta bozófila de ontem estarão divididos em 2022. Bolsonaro já anunciou a predisposição de reeleger-se, mas Dória já está em campanha e, para quem dizia “não ser político”, eleger-se prefeito e governador de São Paulo em apenas dois anos e tomar de assalto o PSDB, escanteando cardeais como FHC, Alckmin, Jereissati e Goldman, não é para amadores. Bem diferente de tomar o PSL de um neófito como Bebianno.

Moro, assim, será um espólio. Embora desgastado, desmoralizado e desmascarado, o ex-juiz ainda tem algum capital político, especialmente vindo dos hidrófobos anti-lulistas. Para esses, nada os convencerá do contrário. Para esses, Moro sempre será “herói”. A questão é: quem herdará o “espólio Moro”? Dória já antecipou-se e, no auge do escândalo revelado pelo The Intercept, condecorou o ex-juiz com a medalha Ipiranga e ainda ofereceu-lhe emprego, sabedor de que Moro balança no governo e que, ao que tudo indica, o tal “bilhete premiado” com a vaga no STF parece mesmo que não virá. E nem deu tempo de Moro converter-se em evangélico. O bolsonarismo perde terreno. Paulo Marinho, o mega-empresário que cedeu sua mansão para ser o escritório político de Bolsonaro, já fechou com Dória e agora manda no (novo) PSDB do Rio. Outros quadros importantes que contribuíram para a eleição de Bolsonaro, já migraram para o declarado candidato direitista à Presidência da República João Dória.

Quanto ao “espólio Moro”, que um dia foi juiz, tornou-se ministro de Estado e vislumbrava ser ministro do STF, pode ser que nada sobre e ele se agarre no emprego que Dória lhe ofereceu e seja mesmo candidato em 2022. E assumindo definitivamente aquilo que ele sempre foi: político. Independentemente do resultado, ao menos seria a primeira confissão de que ele nunca foi mesmo imparcial.

 

 

 

 

 

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