ACABAR COM A FILOSOFIA. QUAL FILOSOFIA?

frase-o-estado-tem-medo-da-filosofia-em-geral-friedrich-nietzsche-125217O temor de ditadores e fascistas de um modo geral com a educação crítica e que desperte a conscientização dos alunos, especialmente em uma sociedade marcada pela dominação e pela exploração, é bastante antigo. Bolsonaro e seus comparsas já haviam sentenciado Paulo Freire. O educador, segundo a visão bolsonarista, deve ser banido. Agora, vem a sentença do governo fascista que quer acabar com a filosofia e a sociologia. O suposto ministro da Educação, Abraham Weitraub, que é tão olavista como seu antecessor, e não passa de um economista-monetarista do mercado, já anunciou os cortes. Trata-se de descentralizar (eufemismo para cortar) investimentos para as faculdades de filosofia e sociologia. E Bolsonaro concluiu: o objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte.

Bolsonaro já tinha falado para que “a garotada não se interesse por política”, embora a “garotada” dele já esteja na política há anos. O vereador é o Vice-Presidente da República de fato; o deputado federal é o Ministro das Relações Exteriores de fato; e o senador é o “ghost” que está por detrás do laranja. Não esqueçamos o companheiro do filho tuiteiro e Vice-Presidente de fato, que acaba de ganhar um lauto cargo no Senado. Todos na política, desde muito cedo. Os outros? Bem, os outros que não se interessem.

Agora chegou a vez da filosofia e da sociologia serem atacadas, do mesmo modo que a ditadura implantada em 1964 sempre atacou. Pensar, criticar, questionar, conscientizar, transgredir…, dentre outros, são verbos que causam calafrios em Bolsonaro e sua camarilha. Depois de Paulo Freire, da política em geral, dos professores que não passam de “doutrinadores”, agora, aqueles que se dedicam ao pensamento crítico, a serem radicais, no sentido de tentar compreender a realidade a partir de sua raiz, a pensar o mundo em sua totalidade (que é o que faz a filosofia) e aqueles que se dedicam a estudar as estruturas, comportamentos e relações sociais, bem como suas críticas (que é o que faz a sociologia) acabam de entrar no “índex” bolsonarista.

Mas é bom lembrar que o MEC está infestado do olavismo. Para Bolsonaro, o olavismo é a verdadeira “filosofia”. E esta, com certeza, não será banida pelo governo fascista. O ex e o atual ministro da educação são seguidores do astrólogo de Richmond. Então, dizer que o nazismo é de esquerda, que a terra é plana, que não se ataca uma ideia e sim o autor da ideia, dentre outros “ensinamentos” olavistas, esses permanecerão sendo a cartilha do MEC bolsonarista. Queimar livros de Paulo Freire, à noite, junto com um boneco que o represente, na mais horripilante reprodução cenográfica da inquisição, conforme também sentenciou um tal de Flávio Morgenstern, que é considerado por Olavo de Carvalho como “o seu melhor aluno”, isso certamente não irá acabar. Enfim, com qual filosofia que Bolsonaro quer acabar?

A “República de Bolsonaro” consegue superar a “República de Platão”. Porque Bolsonaro quer expulsar educadores que conscientizam, jovens que se politizam, professores que incentivam a crítica, filósofos que ensinem a pensar e sociólogos que levem à compreensão crítica da realidade social. Platão expulsou os poetas. Para o filósofo grego os poetas se afastavam da realidade. Mas em compensação Platão colocou os filósofos para governarem a sua República. E não tenham dúvida: embora os “filósofos-reis” de Platão estivessem muito próximos do “Mundo das Ideias”, nenhum deles era um Olavo.

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