“A interrupção do pagamento de salários de servidores será a “primeira coisa a acontecer” caso a reforma não seja concretizada.” (Paulo Guedes, ameaçando servidores, ao participar da Frente Nacional de Prefeitos em Brasília, em 25 de março de 2019).
Paulo Guedes, o “ministro do mercado e dos banqueiros”, fez uma lamentável afirmação na tarde desta segunda-feira, dia 25 de março. Já antevendo a incompetência de seu chefe em articular e até a rejeição por parte de aliados da reforma que acaba com a previdência pública e privilegia os militares, Paulo Guedes afirmou, com todas as letras, que caso a reforma da previdência não seja aprovada, o governo suspenderá os salários dos servidores. A afirmação de Paulo Guedes, para além do crime de retenção dolosa de salário, previsto na Constituição, é um sinal de desespero e incapacidade total e absoluta do governo dialogar com o Congresso. Eles conseguem brigar até com aliados. A chantagem de Paulo Guedes, ao menos, nos dá uma certeza: o país está ficando ingovernável e o governo Bolsonaro não tem, e certamente não terá, votos para aprovar a reforma do modo como foi apresentada. A condição imposta pelo Congresso para dar início à tramitação da reforma foi a apresentação da reforma dos militares. Porém, enquanto esta beneficia os servidores das casernas e não trará qualquer economia, a reforma dos “mortais” só traz ônus aos trabalhadores e lucros aos banqueiros. No encontro, Guedes ainda aproveitou o ensejo para aterrorizar a platéia de prefeitos, dizendo que, se a reforma não for aprovada, as finanças de todos os governos serão engolidas pelo déficit e os prefeitos serão apedrejados.
Mas há uma pergunta que Paulo Guedes deveria responder: quando ele ameaça interromper o pagamento dos servidores caso a reforma não seja aprovada, essa ameaça é para todos os servidores? Juízes, militares, deputados federais, senadores, ministros, diplomatas, Presidente e Vice-Presidente da República, todos ficariam sem salário? Acho que se alguém for ao “Posto Ipiranga” fazer esta pergunta encontrará a seguinte placa: “Passa amanhã!”