“Mas o que ela gosta
É de namorados descartáveis
Do tipo one way
Do tipo one way
Do tipo one way…
Se liga sempre quando encontra alguém
Em boa embalagem
Do tipo one way
Do tipo one way
Do tipo one way…” (Ciclone”, Tipo One Way”, 1985).
Primeiro foi o Magno Malta. Usado e abusado, ele foi importante, dentro dos tentáculos evangélicos, para a ascensão da extrema-direita ao poder. Uma vez chegando ao poder, Bolsonaro o defenestrou. Foi um namoro descartável, bom enquanto durou e foi útil para o Bolsonaro. O discurso tacanho, tosco, imbecil, mas que arrebanhava votos nas fileiras da igreja do ex-senador recebeu de Bolsonaro um “muito obrigado”. Mas Magno Malta foi para o lixo do Bolsonaro. Ser Ministro? Só se for da sua igreja. Preferiu ir, resignado, para casa.
Depois foi o partido, o PSL. Tão minúsculo como a mente bolsonarista, o partido não era visto nem com microscópio no cenário político. Mas Bolsonaro precisava de um partido para ser candidato. Só para isso. Um partido descartável, como foram todos os outros 15 pelos quais ele passou em sua obtusa vida política. Como o PSC não queria ceder às suas exigências, ele deixou a sigla dita cristã e passou para a sigla dita liberal. Vieram as negociações com Gustavo Bebianno e Bolsonaro tomou para si o PSL. Claro que o partido cresceria. Cresceria? Na verdade ele foi ocupado, como uma metástase, por bolsonaristas, que utilizaram-se da legenda para formar a base de sustentação do governo do capitão reformado. Gustavo Bebianno, ex-dono do partido, já na campanha, vinha sendo frito pelo filho tuiteiro de Bolsonaro. Mas ainda assim ganhou o seu quinhão no butim fascista e tornou-se Ministro da Secretaria Geral da Presidência. Com a “prolecracia”, nova forma de governo criada por Bolsonaro, o triunvirato dos herdeiros passou a agir raivosa e ruidosamente. Carlos, o pitbull, se encarregaria de concluir o serviço “tuitando” Bebiano. Tuíte repassado por Bolsonaro. A partir de então, Bebianno tornava-se “mentiroso”. E iniciava-se a contagem regressiva para o seu descarte. Então, Bebianno diz que Bolsonaro é louco e representa um perigo para o país. Mas aí o vendedor de legendas de aluguel já estava a caminho da latrina.
Depois do Bebianno, agora é o próprio partido que está na mira do descarte. Bolsonaro e seu clã já iniciaram negociações para o ressurgimento da antiga UDN. A UDN (União Democrática Nacional) foi protagonista do cenário político brasileiro de 1945 a 1964 e era um partido direitista, elitista, entreguista e golpista, com seu grande prócer Carlos Lacerda personificando todos esses adjetivos. Tramita no Tribunal Superior Eleitoral o pedido de registro de dezenas de novos partidos, dentre eles a UDN. Bolsonaro já vislumbra agora o descarte do PSL. Despois do escândalo das candidaturas laranjas e repasses suspeitos de verbas públicas do fundo partidário, Bolsonaro diz “nada ter a ver com isso porque é problema do partido”. O PSL está na mira da Justiça e Bolsonaro e sua “prolecracia” não irão queimar o que ainda possuem de capital eleitoral. Melhor queimar o partido, dar à sigla o mesmo destino de Malta e de Bebiano e migrar para a legenda de grife que é a UDN. O movimento político Direita Unida, que articula a ressurreição da UDN, deve saber da história do partido de Lacerda. Se a própria UDN, que era um partido forte e representativo da direita brasileira foi usada e defenestrada pelos militares em 1964, inclusive o próprio Lacerda, imaginem agora. A UDN poderá ser a próxima a sofrer a defenestração. O descarte vem a cavalo. Magno Malta, Bebiano, PSL… Ele gosta é de namorada descartável. Ele não recicla. Talvez isso explique sua aversão às questões ambientais. E o que falar de um cristão defensor da família e dos bons costumes que já se casou três vezes? A nova direita da UDN já sabe. As ex-mulheres também. Lacerda não gostaria nem um pouco disso. Mas ele gosta mesmo é de namorados descartáveis do tipo one way...