A Paraíso do Tuiuti, escola de samba vice-campeã do carnaval deste ano, que brilhou na Marquês de Sapucaí mostrando o Vampiro do Jaburu e os patos-fantoches da Avenida Paulista, já definiu o seu enredo para 2019: A Tuiuti contará a história do Bode Ioiô, um dos símbolos da cultura do Ceará. A expectativa é que o enredo seja apresentado de forma crítica e irreverente, como foi este ano.
O Bode Ioiô chegou em Fortaleza em 1915, levado por um retirante que fugia da seca e logo passou a ser adotado e admirado pelo povo. O apelido do simpático animal veio do fato de ele ir à praia e voltar à cidade, várias vezes, subindo e descendo, lembrando o movimento de um ioiô. Mas o grande feito do bode foi em 1922. Esse ano, aliás, foi marcado na história brasileira por muitos eventos contestatórios: a Semana de Arte Moderna em São Paulo, a Revolta Tenentista no Rio de Janeiro, a fundação do Partido Comunista em Niterói, enfim, eventos que iam contra o poder oligárquico que marcava o Brasil dos “coronéis”. E, dando continuidade aos protestos, o povo de Fortaleza “elegeu” o Bode Ioiô como vereador (foi o vereador mais votado em 1922). Ele foi uma espécie de “Macaco Tião”, dos anos 1980 no Rio de Janeiro.
O desfile ocorrerá em um clima de ressaca pós-eleitoral, já tendo passadas as eleições e a posse do novo governo. Mas, certamente, a Tuiuti estará atenta e outros patos, certamente, poderão fazer companhia ao Bode Ioiô. Tomara que, dessa fez, seja um governo que traga os direitos trabalhistas de volta. E que não tire o bode da sala.