1970: IMPERATRIZ DE “OROPA, FRANÇA E BAHIA”

Dando continuidade às histórias do Carnaval, hoje falaremos sobre um samba-enredo que está no relicário de qualquer antologia: “Oropa, França e Bahia”, que a Imperatriz Leopoldinense levou para a avenida em 1970.  

oropa, frança e bahia

Quando os participantes da Semana de Arte Moderna fizeram suas apresentações no Teatro Municipal de São Paulo, entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, certamente eles não tinham noção do quanto as suas manifestações iriam longe e acabariam entrando para a história da arte e da literatura. Apesar de o objetivo do movimento ter sido o de apresentar as novas tendências da arte e da poesia, rompendo com o academicismo tradicional, o movimento acabaria sendo o marco da liberdade nas artes. A elite paulista não compreendeu a mensagem dos modernistas. Mensagem que iria muito além de uma semana que escandalizaria os tradicionalistas. Naquele ano, quando a Semana de Arte Moderna terminou, faltava apenas uma semana para o carnaval. Certamente, eles também jamais poderiam imaginar que virariam enredo de escola de samba, em uma composição que é uma das mais espetaculares da história dos sambas-enredo.

Falamos do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense de 1970: “Oropa, França e Bahia”. Carlinhos Sideral e Matias de Freitas foram os autores do samba que exaltava a Semana de Arte Moderna e o Movimento Antropofágico. A liberdade do artista, a independência cultural e a ruptura com os padrões que limitavam a criatividade podem ser claramente vistos na letra deste espetacular samba-enredo. Macunaíma não podia faltar. A verde e branco de Ramos ficou em sexto lugar, mas o samba-enredo que encantou a Candelária naquele ano sempre estará entre os primeiros. Certa vez, na companhia de nosso amigo e colega Tuninho Professor, em um programa da Webrádio Jovem Olaria, o mestre da literatura que é um dos mais vitoriosos compositores da escola de Ramos classificou este samba como um dos três mais belos da escola, juntamente com Martim Cererê e Liberdade, Liberdade! Palavra de quem entende de samba, de literatura e, especialmente, de Modernismo. Com vocês, letra e música de “Oropa, França e Bahia”.

OROPA, FRANÇA E BAHIA
Carlinhos Sideral e Matias de Freitas
Na alvorada de glória
Da literatura brasileira
Quando um marco transformou a velha história
Da arte numa nova fronteira
Dentro da Semana Modernista
Criou a Independência Cultural
Deu plena liberdade ao artista
Desprezando a tradição
Neste verso original

O rei mandou me chamar
Pra casar com sua fia (bis)
O dote que ele me dava
Oropa, França e Bahia

Vibrante, surgiu da lenda um bandeirante
Sob a luz dos pirilampos
Perdidos nos campos
À procura do mar
Sem saber voltar, sem saber voltar
Macunaíma, negro sonso, feiticeiro
Cobra Norato e a rainha Luzia
São personagens do cenário brasileiro
Como a mulata, o café e o vatapá
No Carnaval, o Arlequim e a Colombina
Linda menina, amada pelo Pierrô

Parece o lamento da prece
A voz derradeira da porta-bandeira (bis)
Morrendo de amor


É tempo de amar o que se amou
Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô,


(Na alvorada)

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