O VELHO DISCURSO DA NOVA DIREITA

regina duarteRecentemente recebi de um amigo, via Whats App, uma mensagem que continha a imagem de velhos políticos conhecidos dos brasileiros. Alguns, de esquerda; outros de centro-esquerda; outros ex-esquerdistas e até participantes do governo golpista de Temer. Mas o que havia de comum em relação a esses personagens? Ou pelo passado ou pelo presente,  todos eles eram apresentados com adjetivos que lembram os nada saudosos tempos do regime militar: “terroristas”, “agitadores comunistas” e coisas do tipo. Mas em todos havia o rótulo de “terroristas”. Respondi a meu amigo dizendo que “terrorista” é um conceito muito relativo. Tiradentes, Nélson Mandela e até Jesus Cristo, só para darmos alguns exemplos, também foram considerados “terroristas” em suas épocas, pelos seus respectivos governos: a  Coroa Portuguesa, o governo racista sul-africano e o Império Romano. Tudo depende do ponto de vista, da visão de mundo e da causa que esteja em jogo. Tiradentes, Nélson Mandela e Jesus Cristo, em diferentes épocas, foram “subversivos”, pois queriam subverter, mudar uma ordem vigente, mas não foram tolerados por seus governos. Aliás, só para não esquecermos, muitos dos que chamam esquerdistas de terroristas apoiam um candidato a presidente que tem como herói um torturador do regime militar, Brilhante Ustra, que tinha como diversão enfiar ratos vivos nas vaginas das presas políticas. Esse, para eles,  é o herói e não o terrorista. Só para vermos como tudo é relativo.

A polarização política que tomou conta do país, especialmente a partir do segundo turno das eleições de 2014, tem feito ressurgir, por parte da direita, velhos discursos que pensávamos que só veríamos nos livros de história. Parece até que ainda estamos nos tempos da guerra fria. Mas é compreensível. Quando o próprio Temer, em sua viagem oficial, chama a Rússia de “República Soviética da Rússia”, isso é um sinal de que o discurso da direita atual ainda não tenha se modificado. Até a “cromofobia” tem sido usada como arma retórica da direita, pois quem é de esquerda, em diversas oportunidades é chamado de “vermelho”, ou “vermelhinho”, quando se quer dar um tom mais jocoso à velha alcunha. Nas manifestações contrárias à Dilma no ano passado, repetia-se o discurso de que “minha bandeira jamais será vermelha”.  O medo do vermelho ressurgiu, apesar do fim da URSS, não obstante a gafe abissal de Temer ao chamar a atual Rússia de “Soviética”.  Recentemente, uma marcha religiosa  exaltava as reformas anti-povo de Temer, patrocinadas por grupos e representantes religiosos que apoiam o governo golpista do Mordomo usurpador.

“Terrorista”, “comunista”, “agitador”, “vermelho”… Pensei que não estaria mais diante desses adjetivos no debate político.  A nova direita quer lançar velhos medos “à la Regina Duarte”. Mas nós sabemos quais são os verdadeiros medos deles. Eles odeiam cotas, políticas de inclusão, pobres viajando de avião, universidade para todos, bolsa-família, a filha da empregada virando médica. Isso, para eles, é o verdadeiro terrorismo, que pode acabar com os privilégios de suas castas. Mas é muito mais fácil, para chegar aos seus objetivos, dizer que quem é de esquerda “defende bandido” ou que “comunista come criancinha” (eles ainda não sabem que quem comete esse crime hediondo chama-se “pedófilo”…) E não me venham falar em corrupção. Não foi contra isso que eles lutaram. Porque os escândalos de Temer e sua quadrilha estão aí e todos eles continuam deitados eternamente em berço esplêndido, vestidos de patos amarelos e com a cara de bunda envernizada, esperando novas ordens da FIESP e do MBL.

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